terça-feira, 24 de setembro de 2013

Manifesto dos jogadores coloca CBF contra a parede


marin
Enfim, o primeiro passo. Um grupo de 75 jogadores resolveu protestar contra o calendário do futebol brasileiro. Uma nota oficial foi publicada hoje questionando o curto intervalo dos jogos, o que prejudicaria o nível técnico das competições e a integridade física dos atletas. Assinam a nota jogadores de grande representatividade, como Rogério Ceni (São Paulo), Alex (Coritiba), Elias (Flamengo), Alexandre Pato (Corinthians), Valdivia (Palmeiras), Zé Roberto (Grêmio) e Júlio Baptista (Cruzeiro).
O grupo agora propõe um encontro com a CBF para discutir mudanças na programação dos jogos do Campeonato Brasileiro (séries A e B). São três principais requisições: (1) adequação ao calendário europeu, com a temporada começando no meio do ano, (2) máximo de 7 partidas a cada 30 dias, e (3) maior período de pré-temporada. Por conta da Copa do Mundo, em 2014, os clubes terão menos que cinco dias de preparação antes do início dos estaduais.
Não há como ignorar a ausência de qualquer participação dos clubes nesse manifesto. Os jogadores não representam os seus empregadores nessa discussão. Trata-se de um movimento totalmente independente, encabeçado por atletas que não precisam se preocupar com possíveis retaliações da mandatária do futebol brasileiro. A lista, em sua maioria, é formada por boleiros em alta ou que já conquistaram a independência financeira.
É fácil entender por que os times ficam de longe do debate. A CBF é credora de boa parte dos clubes, por conta de ajudas financeiras passadas. Ou seja, é totalmente possível concluir que o Flamengo, por exemplo, que teve sua dívida com a entidade renegociada recentemente, não vá bater na porta de José Maria Marin para pedir a mudança do calendário atual. Na outra ponta os milionários contratos de transmissão de TV, que sempre estão entre as maiores receitas dos clubes no ano.
A CBF informou que ainda não recebeu o pedido oficial para o encontro com os jogadores, mas já adiantou que a Copa do Mundo inviabiliza mudanças para 2014. Sem apoio dos clubes, que apenas reagem quando individualmente se sentem prejudicados, os jogadores precisam estabelecer um prazo para esse diálogo. Se nada avançar rapidamente, talvez seja o momento de estudar uma greve geral no futebol brasileiro. Os atletas têm todo o poder nas mãos para exigir mudanças radicais nos modelos de gestão do futebol brasileiro. Basta guardarem as chuteiras por alguns dias, à espera de uma decisão que indique algum sinal de evolução.
Crédito imagem: Ricardo Stuckert / CBF

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